Templo de Abu Simbel: A Verdade Sobre o Maior Tesouro de Ramsés II

 

2- O templo de Ramsés II por dentro

Ao adentrar o magnífico Templo de Ramsés II, o visitante se depara com um layout triangular clássico dos templos egípcios antigos, onde as salas diminuem gradativamente de tamanho até chegar ao santuário. Esta estrutura complexa surpreende pela quantidade de câmaras laterais e detalhes arquitetônicos meticulosos.

Corredores com estátuas de Osíris

O salão hipostilo, também conhecido como pronau, impressiona com suas dimensões de 18 metros de comprimento e 16,7 metros de largura. Este espaço é sustentado por oito enormes pilares que representam Ramsés II na forma do deus Osíris.

 

As estátuas colossais do lado esquerdo exibem a coroa branca do Alto Egito, enquanto as do lado direito ostentam a coroa dupla do Alto e Baixo Egito. Esta simbolização dupla demonstra o domínio de Ramsés sobre todo o território egípcio.

Afrescos de batalhas e rituais

As paredes do pronau são ricamente decoradas com baixos-relevos que retratam cenas de batalhas das campanhas militares de Ramsés II. Destaca-se especialmente a representação da Batalha de Cades, travada contra os hititas no rio Orontes, na atual Síria.

 

O relevo mais famoso mostra o faraó em sua carruagem, atirando flechas contra seus inimigos em fuga. Além disso, outras cenas ilustram vitórias egípcias na Líbia e na Núbia, além de cerimônias de adoração e oferendas aos deuses.

O santuário com quatro deuses e o faraó

Após o salão hipostilo, encontra-se uma segunda sala com quatro pilares decorados com belas cenas de oferendas. Este espaço conduz ao santuário mais interno, onde estão esculpidas na rocha quatro figuras sentadas: Rá-Horaqueti, o próprio Ramsés II deificado, Ámon Rá e Ptá. Estas divindades representavam os principais centros religiosos do Egito antigo: Heliópolis, Tebas e Mênfis.

A engenharia por trás da iluminação solar

O feito mais impressionante do templo é o alinhamento solar preciso. Duas vezes ao ano, em 22 de fevereiro e 22 de outubro, datas que correspondem ao aniversário e à coroação de Ramsés II, os primeiros raios solares penetram pelos 60 metros do templo, iluminando as estátuas do santuário interno.

 

Curiosamente, a luz solar ilumina primeiro o rosto de Ramsés II, depois a estátua do deus Rá à sua esquerda e, por fim, grande parte da estátua do deus Ámon à sua direita. A estátua de Ptá, deus associado à escuridão e ao submundo, permanece sempre nas sombras, simbolizando seu domínio sobre o reino subterrâneo.

 

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3- O templo de Nefertari e a história de amor real

A cerca de cem metros a nordeste do majestoso templo principal de Abu Simbel encontra-se uma joia arquitetônica menor, porém igualmente fascinante: o Templo de Hathor e Nefertari.

 

Esta estrutura representa um dos mais belos testemunhos do amor de Ramsés II por sua esposa favorita, sendo um dos raros exemplos onde um faraó dedicou um templo inteiro à sua consorte.

A igualdade de representação entre Nefertari e Ramsés

O que torna este templo verdadeiramente extraordinário é a forma como Nefertari é representada. Na fachada, seis estátuas colossais de aproximadamente 10 metros de altura adornam a entrada.

 

Duas destas estátuas retratam a rainha Nefertari, enquanto as outras quatro representam o próprio Ramsés II. De fato, este é um dos poucos exemplos na arte egípcia onde as estátuas da rainha possuem o mesmo tamanho que as do faraó.

 

Tradicionalmente, as representações das rainhas nunca ultrapassavam a altura dos joelhos do rei, evidenciando o status excepcional concedido a Nefertari.

A deusa Hathor e o papel feminino no templo

O templo foi consagrado à deusa Hathor, frequentemente associada ao amor, à música e à maternidade. No complexo, Nefertari assume o papel da própria deusa Hathor como esposa do rei.

 

As estátuas da rainha exibem o disco solar entre duas grandes penas e os chifres da deusa vaca Hathor, carregando também um sistro (instrumento sagrado dedicado à deusa) na mão esquerda. Curiosamente, nos relevos do vestíbulo, Nefertari é coroada e protegida pelas deusas Ísis e Hathor, sendo tratada como uma manifestação divina.

Inscrições que revelam o carinho do faraó

As inscrições encontradas no templo são verdadeiras declarações de amor eterno. Uma delas, gravada em uma coluna no interior, afirma: "Ramsés, forte na verdade, amado por Amon, criou esta morada celestial para sua amada consorte real Nefertari".

 

 Além disso, o faraó mandou construir o templo "como obra de eternidade para a grande esposa real Nefertari, a amada de Mut, para todo o sempre, Nefertari, para cujo esplendor o Sol brilha".

No interior do templo, os baixos-relevos ilustram cenas onde Ramsés apresenta flores ou queima incenso para sua amada. Em algumas representações, o rei e a rainha fazem oferendas juntos aos deuses, destacando a parceria espiritual entre o casal.

 

Esta demonstração pública de afeto e respeito era algo extraordinário para os padrões da época, confirmando que, embora Ramsés tenha tido várias outras esposas, Nefertari permaneceu como sua favorita.

 

 

4- Planejando sua visita a Abu Simbel

Para completar sua experiência neste tesouro arqueológico, conhecer os detalhes práticos sobre como chegar e quando visitar os templos de Abu Simbel é essencial. O planejamento adequado maximiza as chances de uma visita inesquecível a este monumento extraordinário.

Melhor época para visitar

O período ideal para conhecer o Templo de Abu Simbel vai de outubro a abril, quando as temperaturas são mais amenas e agradáveis. Durante o verão egípcio (junho a agosto), o termômetro pode atingir quase 50°C nas regiões do sul do país.

 

Para quem busca um equilíbrio perfeito entre clima e menor aglomeração, os meses de março a maio e setembro a novembro oferecem condições excelentes.

Como chegar a partir de Assuã

Assuã serve como ponto de partida principal para visitar Abu Simbel, situada a aproximadamente 280 quilômetros ao sul. As principais opções de transporte incluem:

 

• Carro/Transporte privado: A viagem dura cerca de 3 horas por uma estrada desértica.
• Excursões organizadas: Saem bem cedo, geralmente entre 4h e 5h da manhã, com guias egiptólogos.
• Ônibus público: Parte da estação rodoviária de Assuã às 8h, chegando a Abu Simbel por volta das 11h.
• Avião: O voo de Assuã dura apenas 30 minutos, com duas frequências diárias.
  Diferenças entre excursão, cruzeiro e voo

 

Cada opção oferece uma experiência diferente:

 

• Excursões: Normalmente incluem transporte, guia e, às vezes, refeições. A desvantagem é o tempo limitado no local e o despertar muito cedo.
• Cruzeiros: Alguns cruzeiros no Lago Nasser atracam em frente aos templos, permitindo vê-los ao luar e ao amanhecer, uma experiência única.
• Voos: Embora mais caros, economizam tempo significativo. Os voos são cronometrados para que os turistas tenham aproximadamente duas horas para explorar os templos.

Dicas para aproveitar o Festival do Sol

O Festival do Sol ocorre anualmente em 22 de fevereiro e 22 de outubro, quando os raios solares iluminam precisamente as estátuas do santuário mais interno do templo. Para aproveitar ao máximo:

 

• Chegue com antecedência, pois milhares de pessoas se reúnem para o evento.
• Prepare-se para acordar muito cedo e aguardar o nascer do sol junto à multidão.
• Após o fenômeno solar, participe das celebrações com música, dança e gastronomia típica.
• Aproveite para conhecer o artesanato local e apresentações culturais que acontecem durante o festival.

 

Os templos de Abu Simbel, esculpidos por Ramsés II e Nefertari há mais de 3 200 anos, exibem precisão astronômica no fenômeno solar e foram realocados nos anos 1960 para escapar das águas do Lago Nasser.

 

Visitar ao amanhecer, seja por cruzeiro, tour terrestre ou voo, oferece uma conexão direta com a grandiosidade e o legado do Antigo Egito.

 

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